Oh where are you now, pussy willow that smiled on this leaf?
Hoje acordei aturdida no meio da madrugada, havia vivido a melhor experiência da minha vida.
Hoje acordei sem saber se a melhor experiência da minha vida era realidade ou sonho.
Hoje eu tomei café uma hora mais cedo, não que eu não tenha tomado mais uma xícara no meu horário habitual mais tarde.
Acordei com sono. Não conseguia dormir pois não parava de pensar na insanidade que havia vivido momentos atrás e que eu havia amado.
Me recordo de algo parecido com uma estrada de tijolos amarelos desgastados que parecia sem fim, mas não havia problemas pois eu nunca me cansava de caminhar. Cheguei até uma cabana. Não sei nem se aquilo poderia ser chamado de cabana pois estava aos pedaços, era de madeira e muito pequena de um cômodo ou dois no máximo. Fiquei com uma curiosidade infinita em saber o que havia lá dentro, mesmo tendo ciência de que no fundo, nada demais teria ali e eu teria que caminhar mais um bom tempo por aquela estrada de tijolos e ver onde ia parar.
Bom, me aproximei e averiguei para tentar ter alguma certeza que aquele teto não cairia na minha cabeça. Subi um degrau que tinha para entrar na casa, empurrei devagarinho a porta. Hesitei. Olhei para trás e na hora não reparei que os tijolos haviam sumido (hora pois, me lembrei agora em um momento de lapso).
Empurrei a porta com uma força extremamente grande e me vi caindo em um buraco negro que não tinha fim. Surgiram estrelas e diamantes e desenhos indecifráveis enquanto eu caía e caía e caía...
When i was alone you promised the stone from your heart. My head kissed the ground, i was half the way down, treading the sand.
Eu vi. Eu vi os olhos de alguém, era um olhar pertubador. Um pertubador que você precisa que te perturbe a vida inteira. Eu não conseguia parar de olhar os olhos mais negros que eu já tinha visto em toda minha vida (vida? o que era? aquilo era realidade?) mas por um momento eu prestei realmente atenção e parecia ter entrado dentro daqueles olhos. Vi um colorido, um colorido que cega. Aquilo não eram imagens, nem desenhos, eu não sei o que eram... Rabiscos coloridos e estampados que iam e viam e se mexiam. Fiquei aturdidamente entorpecida. Tentava acompanhá-los mas iam embora e voltavam com outra cor cada vez mais diferentes e no meio disso eu vi ondas. Ondas negras. Negras quase como o olhar. As ondas se transformavam em cachos que me entrelaçavam, brincavam e foram se transformando em cabelo. Cabelo? Isso, fios de cabelo. Cabelos de uma pessoa de olhos penetrantes. Onde eu havia visto coisa parecida? Acho que no começo dessa viagem, eu vi alguém com esses olhos. Olhos de um homem muito bem desenhado. Sim, ele parecia muito com um desenho, tinha características perfeitas e inacreditáveis. Esse homem se aproximava. Me sentia mais confortável, mesmo sem muita consciência. Me sentia confortável no meio daquilo tudo? Acho que nem percebi quando os coloridos desapareceram e viraram uma paisagem branca e tranquila.
Senti uma mão grossa, com toque doce a me puxar, ouvi um som. Acho que era
Polonesa, Op 53 de Chopin, oh meu Deus, como poderia duvidar? Essa música... Dançamos por horas quem sabe, mas no final pareciam curtos minutos.
As mãos dele me tocavam a cintura e as minhas, a nuca dele. Sentia seus cabelos macios e cacheados em meus dedos. Não paramos de nos olhar nem por um milésimo de segundo e por um pequeno e miserável instante, resolvi fechar os olhos. Quando abri, ele estava sumindo, cada vez menos eu podia senti-lo e estava partindo.
Fim da primeira parte.